Em tempos de carnaval, não
poderia ser mais oportuno o fato que acabo de protagonizar... uma situação bem peculiar,
leia-se: alegórica.
Voltando do almoço, preparando-me
para estacionar o carro, avisto de longe um menor de rua, ops! digo, um “jovem
em situação de risco”, terminologia politicamente mais correta (contraditória
em um país politicamente incorreto) dentre várias, a conclusão que me veio, foi
a de que o mesmo iria pedir-me “uma ajuda” ...
E, já sentindo-me culpado pelo
almoço, pelo veículo...
Desço do carro, e, antecipando-me,
abro a carteira na iminência de buscar “um trocado”, eis que o infante
interpela-me: “O senhor não tem um celular velhinho ou sem bateria pra me dar?”
o mesmo montou em sua pequena bicicleta e foi-se desanimando quando mostrei-lhe
que o celular velhinho e sem bateria que eu tinha era o mesmo e único que eu
usava.
E, aqui, faço um convite aos Sociólogos,
Filósofos, Juristas... Foliões presentes nessa rede social a uma reflexão sobre
esse fato. Como explica-lo? Qual os seus antecedentes? Qual as suas consequências
mais prováveis? Seria a era da miséria digital ou da digitalização da miséria?
Enfim, não demora muito e,
talvez, esse mesmo cúpido, também protagonista desse fato, irá responder-me: “quando
o senhor não quiser mais esse celular manda-me uma mensagem pelo facebook.”